terça-feira, 12 de novembro de 2013

Imagens do corpo: reflexões sobre as acepções corporais construídas pelas sociedades ocidentais - Texto 3

Imagens do corpo: reflexões sobre as acepções corporais construídas pelas sociedades ocidentais

Thiago Pelegrini


Cabe lembrar que os ideais iluministas (século XVIII) acabaram por acentuar a depreciação do corpo, dissociando-o da alma, retomando a dicotomia corpo-alma, arquitetada na antiguidade clássica. O pensamento iluminista negou a vivência sensorial corpórea, atribuindo ao corpo um plano inferior. As necessidades de manipulação e domínio do corpo, paralelamente, concorreram para a delimitação do homem como ser moldável e passível de exploração.
A expansão do capitalismo, no século XIX, propagou a forma de produção industrial em que a instrumentalização do corpo fazia-se necessária. A padronização dos gestos e movimentos instaurou-se nas manifestações corporais. As novas tecnologias de produção em massa desencadearam um processo de homogeneização de gestos e hábitos que se estendeu a outras esferas sociais, entre elas a educação do corpo, que passou a identificar-se não só com as técnicas, mas também com os interesses da produção (HOBSBAWM, 1996).
A evolução da sociedade industrial propiciou um elevado desenvolvimento técnico-científico. As novas possibilidades tecnológicas propiciaram a elite burguesa moderna, um incremento de técnicas e práticas sobre o corpo. O aumento da expectativa de vida, as novas formas de locomoção e comunicação expandiram as formas de interação e realização de atividades corporais. O fácil acesso à informação trouxe infinitas possibilidades ao conhecimento.  Contudo, a padronização dos conceitos de beleza, fundados no corpo magro ou musculoso ancorada pela necessidade de consumo criada pelas novas tecnologias e homogeneizada pela lógica da produção, foi responsável por uma diminuição significativa na quantidade e na qualidade das vivências corporais do homem contemporâneo.

HOBSBAWM, Eric J. A era do capital, 1848-1875. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996.

Merengué, Devanir. A ordem e o mercado de prazeres. In: BRUHNS, Heloísa Turini e GUTIERREZ, Gustavo Luís (orgs.). Enfoques contemporâneos do lúdico: III Ciclo de Debates Lazer e Motricidade. Campinas, Autores Associados, 2002. 

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