Imagens
do corpo: reflexões sobre as acepções corporais construídas pelas sociedades
ocidentais
Thiago Pelegrini
Cabe lembrar que os ideais iluministas (século XVIII) acabaram por
acentuar a depreciação do corpo, dissociando-o da alma, retomando a dicotomia
corpo-alma, arquitetada na antiguidade clássica. O pensamento iluminista negou
a vivência sensorial corpórea, atribuindo ao corpo um plano inferior. As
necessidades de manipulação e domínio do corpo, paralelamente, concorreram para
a delimitação do homem como ser moldável e passível de exploração.
A expansão do capitalismo, no século XIX, propagou a forma de produção
industrial em que a instrumentalização do corpo fazia-se necessária. A
padronização dos gestos e movimentos instaurou-se nas manifestações corporais.
As novas tecnologias de produção em massa desencadearam um processo de
homogeneização de gestos e hábitos que se estendeu a outras esferas sociais,
entre elas a educação do corpo, que passou a identificar-se não só com as
técnicas, mas também com os interesses da produção (HOBSBAWM, 1996).
A evolução da sociedade industrial propiciou um
elevado desenvolvimento técnico-científico. As novas possibilidades
tecnológicas propiciaram a elite burguesa moderna, um incremento de técnicas e
práticas sobre o corpo. O aumento da expectativa de vida, as novas formas de
locomoção e comunicação expandiram as formas de interação e realização de
atividades corporais. O fácil acesso à informação trouxe infinitas
possibilidades ao conhecimento. Contudo,
a padronização dos conceitos de beleza, fundados no corpo magro ou musculoso
ancorada pela necessidade de consumo criada pelas novas tecnologias e
homogeneizada pela lógica da produção, foi responsável por uma diminuição
significativa na quantidade e na qualidade das vivências corporais do homem contemporâneo.
HOBSBAWM, Eric J. A era do capital, 1848-1875. Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 1996.
Merengué, Devanir. A ordem e o mercado de
prazeres. In: BRUHNS, Heloísa Turini e GUTIERREZ, Gustavo Luís (orgs.). Enfoques contemporâneos do lúdico: III
Ciclo de Debates Lazer e Motricidade. Campinas , Autores Associados, 2002.
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